domingo, 25 de novembro de 2007

II Simpósio da Associação de Pós-Graduandos

II Simpósio da Associação de Pós-Graduandosda USP Ribeirão PretoPós-Graduação: cotidiano, recursos e perspectivas. Local: Anfiteatro da Bioquímica – Prédio Central da Fac. de Medicina de Ribeirão Preto Taxa de Adesão: R$ 5,00 Quinta-feira 29 de novembro de 2007 18:00h Inscrições 18:30h Abertura: Papel da APG na universidade • Dawit A.P. Gonçalves – Coordenador Geral da APG-USP/RP • Prof. Dr. Júlio Sérgio Marchini – FMRP/USP • Prof. Dr. Celso Rodrigues Franci – FMRP/USP 19:15h Ética na pesquisa com seres humanos – Prof. Dr. Edson Garcia Soares- FMRP/USP 20:00h Intervalo 20:15h Ética na experimentação animal – Prof. Dra. Júlia Maria Matera - USP-SP 21:00h Biossegurança - Prof. Dr. Joel Majerowicz – FIOCRUZ 21:45h Problemas freqüentes no envio de projetos para a Comissão de Ética em Experimentação Animal - Profa. Dra. Claudia Maffei – FMRP/USP Sexta-feira 30 de novembro de 2007 18:30h Bolsas: Políticas de distribuição e correção de valores (Projeto de Lei no 2315) • Prof. Dr. José Drugowich – FFCLRP/USP, Conselheiro do CNPq • Allan Aroni – Presidente da ANPG 20:00h Intervalo 20:15h Mesa redonda: Estratégias administrativas para a pesquisa • Prof. Dr. João Luiz Passador – FEARP/USP • Prof. Dr. Benedito Honório Machado – FMRP/USP Sábado 01 de dezembro de 2007 08:30h Mesa redonda: Gerenciando a APG – Relatos de Casos • Guilherme Pires D'Avila de Almeida – Presidente da APG-USP/CENA • Rogério Adas Vitalli – Presidente da APG-ITA • Membros das APGs

CINE APG 28/11

Dia 28/11, quarta-feira, será exibido o filme "O Quarto do Filho" do diretor Nanni Moretti, às 19h, no anfiteatro da CPG Central/FMRP, localizado na casa 2 da rua Pedreira de Freitas. Após a exibição do filme haverá discussão com o Prof.Dr. Eurico Arruda Neto, do departamento de Biologia Celular e Molecular e Bioagentes Patogênicos, da FMRP. Segue abaixo alguns trechos sobre o filme: "Em poucas nações a família tem tanta relevância como na Itália. Mais do que um grupo de pessoas com laços sanguíneos, parentes e familiares italianos parecem possuir afetivos eternos e inquebráveis. A família do psicanalista Giovanni(Nanni Moretti) e da editora Paola(Laura Morante), não foge à regra. Chamado um dia à escola de seu filho Andrea, acusado de roubar um fóssil do laboratório escolar, Giuseppe começa a questionar a educação que deu ao garoto. Preocupado com o pouco tempo que possui para gastar com o filho, o pai resolve lhe dar mais atenção. Mas o destino parece não querer favorecer pai e filho, já que uma tragédia impedirá para sempre o estreitamento dessa relação. Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2001, O Quarto do Filho, mais recentemente filme do diretor Nanni Moretti, trata com delicadeza e enorme brilhantismo de sentimentos intensos como a perda, o amor e a culpa. Produzido, estrelado e escrito pelo próprio diretor, O Quarto do Filho é um retrato muito sincero de como a dor causada por uma tragédia pode até afetar as pessoas de modos diferentes, mas não isenta ninguém. "Um filme belíssimo." - L.C.M. - O Estado de São Paulo." ”O Quarto do Filho é uma destas fatias da vida. Sua sinopse cabe numa única linha: a dor de uma família de classe média após a perda de um filho. E ponto. Ponto final na sinopse, ponto inicial num turbilhão de emoções verdadeiras. O roteirista, diretor e ator Nanni Moretti cria a ambientação de uma família comum, igual a tantas outras, que vive normalmente num lugar normal. Ninguém é detetive, policial ou agente secreto. Nenhuma casa é especialmente maravilhosa, nenhum carro é de tirar o fôlego. O recado de Moretti parece claro: “Esta família poderia ser a sua”. Conseqüentemente, esta dor também.” ”Por isso, é quase impossível não sentir um nó na garganta, um soluço engasgado ou mesmo algumas lágrimas escorrendo pelo rosto quando o casal formado por Giovanni (Moretti) e Paola (Laura Morante) recebe a notícia quase inacreditável da morte de seu filho adolescente. Uma perda que desencadeia sentimentos de culpa, de desperdício, de tristeza, de incredulidade, de rompimento. Todos vividos e sentidos com uma dignidade cruel, sem os rompantes de desespero que nos acostumamos a atribuir à exagerada alma italiana. Pelo seu estilo sóbrio e pela profundidade das suas emoções, O Quarto do Filho mereceu várias e importantes premiações internacionais. Entre elas, a cobiçada Palma de Ouro no Festival de Cannes e nada menos que doze indicações ao prêmio David di Donatello, o Oscar italiano.” “Giovanni, a sua mulher Paola, e os dois filhos adolescentes, Irene e Andrea, vivem uma pacata existência em Ancona, uma pequena cidade no Norte de Itália. Os pais ajudam os filhos nos trabalhos de casa e riem às escondidas quando ouvem conversas sobre namorados e "charros".Giovanni é psicanalista. No consultório, anexo à casa da família, Giovanni recebe os seus pacientes, que lhe confiam as suas neuroses, com a mesma calma que marca toda a sua vida. Ele gosta de ler, de ouvir música (só italiana), de fazer jogging. Num domingo de manhã, Giovanni recebe um telefonema de um doente que precisa de o ver com urgência. Giovanni têm assim que cancelar a corrida que tinha programado com o filho, Andrea.O rapaz vai então mergulhar com os amigos... mas não volta. Morre de embolia, num acidente de mergulho. A família não consegue expurgar a dor da perda do filho. Deixa-se consumir por um sentimento atroz, que os atinge, a cada um, de um modo particular. Giovanni não consegue impedir-se de regressar mentalmente ao passado, numa tentativa de alterar este presente tão cruel. O sentimento de culpabilidade impõe-se e o pai não consegue deixar de se interrogar como tudo teria sido se não tivesse ido ver aquele doente, naquele fatídico domingo de manhã. Até que, um dia, chega uma carta de amor para Andrea, de uma jovem que desconhece a tragédia. É Ariana que vai conduzir a família nesse contorcido caminho da possível saída do desespero.”

A melhor pós-graduação do Brasil é da USP

Segundo a avaliação trienal promovida pela CAPES, que analisou todos os programas de pós-graduação do Brasil durante o período 2004/2006 a USP detém o maior número de programas com nota 7, a mais elevada. São 25 programas no total. Para a reitora Suely Vilela, o bom desempenho da USP se explica por uma “preocupação constante com a pós” mantida pelo corpo diretivo da Universidade. A professora cita como exemplos dessa preocupação iniciativas adotadas pela USP que enfocam a melhoria na formação tanto de alunos de graduação quanto de estudantes da pós-graduação. Uma dessas estratégias é a internacionalização. A avaliação da Capes leva em conta o quanto o curso é inserido e tem relevância em outros países. Estuda-se, por exemplo, os intercâmbios promovidos entre alunos e professores e o quanto a produção acadêmica de um determinado curso é citada como referência em trabalhos de fora do Brasil. É nessa questão que se baseia a diferença entre os programas avaliados com as melhores notas, 6 e 7, para os que recebem os conceitos 4 e 5. Pela primeira vez o número de programas de pós-graduação da USP avaliados com o conceito 7 é superior aos de conceito 3. São 25 que receberam a nota máxima, contra 16 que ficaram com o 3. Além disso, o número de programas nota 5 é maior que os de programas 3 e 4 somados. O pró-reitor de Pós-Graduação da USP, Armando Corbani Ferraz, explica que uma das ferramentas que a Universidade empregou para aprimorar a internacionalização de seus cursos é o processo de intercâmbio direto de docentes no qual professores estrangeiros passam três meses desenvolvendo atividades na USP, num processo muito enriquecedor para todos os envolvidos. Suely Vilela e Armando Corbani enfatizam outra questão numérica que sugere a boa posição da USP. No ranking elaborado pela Universidade de Xangai (China), o desempenho da USP sobe a cada ano. Em 2003, a USP era a 165ª melhor universidade do mundo, de acordo com os chineses; em 2007, a posição obtida pela Universidade foi a 128ª. E com uma melhora sucessiva verificada em todos os anos. O pró-reitor lembra um fator que valoriza ainda mais o feito da USP: “nesse ranking de Xangai, 30% da pontuação é destinada ao recebimento de Prêmios Nobel ou outras honrarias específicas. A USP não recebeu, ainda, nenhuma dessas honrarias. Ou seja: conseguimos esse desempenho ótimo mesmo competindo apenas com 70% do valor possível”, explica Armando Corbani. Cabe a nós, pós-graduandos e aos nossos orientadores, continuarmos elevando esses números, mas não pensando apenas em publicações e premiações, mas também nas contribuições de nossas pesquisas para a vida da sociedade. Adaptado do texto de Olavo Soares por Vanessa D. Menjon Müller

Mestrado profissional: igualando a competitividade???

(Luiz FernandoFerrari) Muito tem sido comentado sobre o crescimento do número de cursos de Mestrado Profissionalizante. Em certas áreas talvez seja até mesmo justificado tal fato, devido ao número reduzido de oportunidades de um profissional se aperfeiçoar e se aprofundar em algum tema relacionado. Entretanto, do ponto de vista prático, o que parece ser uma modalidade a mais de inserção de um profissional no mundo da pesquisa – nem que seja apenas para “familiarizá-lo com metodologias, como dizem alguns defensores do MP” -, pode se tornar mais um empecilho na já tão difícil inserção no mercado de trabalho. É notória a dificuldade de um estudante de Pós-Graduação em encontrar um emprego ao final de seus anos de dedicação à área acadêmica. A procura por concursos públicos, a grande concorrência em se conseguir uma vaga em Faculdades particulares, entre outras, estão entre as maiores dificuldades encontradas pelos recém-Mestres e Doutores. Dessa forma fica a pergunta: para quê serve o MP? A atual Diretoria da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) tem estimulado o surgimento de mestrados profissionais – atualmente mais de 200 cursos de MP estão em andamento. Embora seja descrito como um “título terminal, que se distingue do acadêmico porque este último prepara um pesquisador, que deverá continuar sua carreira com o doutorado, enquanto no MP o que se pretende é imergir um pós-graduando na pesquisa, fazer que ele a conheça bem, mas não necessariamente que ele depois continue a pesquisar”, ainda parece que a diferença entre os cursos de MP e os cursos de especialização é pequena. Em linguagem clara, normalmente podemos distinguir duas situações: 1) o recém-formado não está satisfeito com seu conhecimento, sentindo necessidade de se aperfeiçoar. Nada mais natural que ir em busca de cursos de aperfeiçoamento, atualização ou até mesmo de especialização. Nestes, ele terá que desembolsar uma certa quantia – nem sempre pequena – e terá, ao final do período, seu título de especialista, no caso de ter optado pela especialização. A situação número 2 é um pouco mais interessante: o profissional quer se especializar, adquirir mais conhecimento, se familiarizar com a vida acadêmica e as metodologias e, quem sabe, se inserir na vida docente. O Mestrado seria necessário, já que, para ser Professor Universitário, a “bagagem” deve ser mais consistente. Entretanto, como deixar de lado seu consultório, seu escritório, seu emprego, sendo que grande parte dos Programas de Pós-Graduação em nível de Mestrado exige dedicação integral? Surge no cenário os cursos de MP, nos quais o aluno comparece poucos dias por mês, durante um ano e meio, dois anos talvez, e termina o período com o título de Mestre. Dessa maneira justifica-se a definição de MP, que procura que o aluno“ (1) conheça por experiência própria o que é pesquisar, (2) saiba onde localizar, no futuro, a pesquisa que interesse à sua profissão, (3) aprenda como incluir a pesquisa existente e a futura no seu trabalho profissional.”. O interessante é que, em palavras, tudo isso parece beneficiar a todos, já que os profissionais podem ter mais uma oportunidade de se aperfeiçoarem e, ao mesmo tempo, “fazerem Ciência”. Isso de fato é bom? Perguntemos a um aluno de Pós-Graduação que teve que se afastar do trabalho (“é uma escolha pessoal”, diriam os defensores do MP), pois para conseguir uma Bolsa de fomento não pode ser vinculado a outro emprego, se dedicar horas a fio ao trabalho laboratorial, experimentos, leitura, etc: em um concurso, qual título vale mais, o do Mestrado acadêmico ou Profissional? Não há resposta diferente: os dois terão o mesmo peso. Isso é justo? Será que a justificativa de que os MP agregam competitividade e produtividade às empresas, públicas ou privadas, é consistente? Que tal pensarmos em inserir o profissional qualificado e competente, que se tornou um Mestre na área – ou Doutor – neste quadro? Se um dos problemas que temos com relação à Academia em nosso país é seu distanciamento da área produtiva, por que não estimular os Mestrados já existentes a se aproximarem do trabalho não-acadêmico também? Isto é dito por que, retornando à nossa pergunta inicial, podemos respondê-la, a frios olhos, que o MP é, na verdade, uma especialização que dá o título de Mestre. Seria diferente? Ainda assim, a competitividade no mercado “lá fora” não deveria ser dificultada pela criação de modalidades que tornam ainda mais árdua a busca pelo emprego ideal. Contudo, essa é uma discussão longa, e as opiniões se dividem. Para continuarmos a debater este tema, outras oportunidades aparecerão.

Órbitas de um pós-graduando

* Fernanda Machado dos Santos Md. Fisiologia FMRP A busca incessante por resultados praticáveis e aplicáveis, o interrogatório constante, a exigência do orientador, a ansiedade dos que estão em volta... Todos são fatos que acompanham a maioria daqueles que optaram por dar continuidade à carreira acadêmica e adentrar-se numa atividade tal qual um complexo labirinto hermeticamente fechado, onde penetram litros de água a cada dia, fazendo-o sentir na iminência do afogamento: A pós-graduação. São horas e dias de dedicação exclusiva e exaustiva para pôr em prática o que um dia já foi motivo de noites mal dormidas: O projeto. Assim, o pós-graduando carrega sobre ele a doce esperança de ganhar um título, e o dissabor dos experimentos mal sucedidos, da espera pelo novo recurso que o auxiliará na pesquisa, das visitas ao laboratório nos finais de semana e feriados, da saudade dos parentes que moram longe... Nada além do normal, diria alguém experiente. Contudo, na sua mera inexperiência, o pós-graduando se depara com o “novo” todos os dias, e assim assimila o que lhe convém. Uma dose de perspicácia não é demais para saber ouvir e emitir um discurso feliz na hora correta. Não é raro, nos corredores de departamentos, correrem boatos do tipo “Fulano toma remédio controlado para depressão” ou “Sicrano é alienado”... E, felizmente, ou infelizmente, são fatos. Mas é fato também que o entorno do pós-graduando não é formado apenas por este contingente de labuta, afinal, atividades culturais e políticas cercam o meio acadêmico e oferecem atalhos para se chegar ao fim da pós-graduação com outras especialidades desenvolvidas ou aprimoradas. A associação de pós-graduandos (APG) é uma entidade política, mas apartidária, que possibilita o envolvimento do pós-graduando nas diversas esferas da Universidade, seja junto ao diretor da faculdade, com pró-reitores ou com a própria reitoria. E assim, o pós-graduando tem a oportunidade de participar de importantes tomadas de decisões, com direito a voz e voto. Para quem gosta, é uma maneira interessante de desviar a atenção dos estudos e às vezes uma forma agradável de manter-se informado dos eventos relacionados com a Universidade. Igualmente, para os que preferem ver a política por fora, mas também não dispensam atividades extras, o CEFER dispõe de diversas atividades esportivas gratuitas para os estudantes, e em horários diversos, o que facilita sua participação. Àqueles dotados de habilidades artísticas também não falta diversão: Curso de fotografia, pintura em tela, dança, teatro, música, coral etc. São algumas das atividades culturais que a Universidade fornece gratuitamente para os alunos regularmente matriculados. Seja para os que pretendem aperfeiçoar a técnica ou para aquele que deseja fugir da rotina. Para quem conhece um ou é um deles, sabe que na maioria das vezes a pós-graduação é maçante, angustiante, desanimadora e conflitante. Entretanto, para minimizar esses ônus, a paciência, serenidade, concentração e autoconfiança são cruciais. Por fim, para quem acredita que o ser humano não só depende do conhecimento racional e rigoroso de qualquer coisa, vale ressaltar que “A cultura humanista é a seiva que deve penetrar todas as especialidades”, frase proferida por professor Miguel Covian (in memorian), um dos primeiros docentes de Fisiologia da FMRP.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Mulher e Ciência: como anda essa relação?

Não é de hoje que percebemos a presença do dito “sexo frágil” nas diferentes áreas – as mulheres ganham cada vez mais espaço e dominam novos “territórios”. Entretanto, há algumas semanas atrás, a revista Época (24/09/2007) escreveu uma matéria chamando a atenção da sociedade para a escassez de “cérebros femininos” nos altos escalões da ciência brasileira e mundial; vale lembrar que Jacqueline Leta já havia levantado esta questão em 2003. Outros agravantes se somam a essa problemática e não se resume apenas a status, posições de prestígio e poder, mas refere-se também ao menor apoio das agências de fomento a pesquisa à formação das futuras pesquisadoras, fato constatado pelo reduzido número de bolsas no exterior, somente 33% do total, fornecido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A própria pesquisa também é prejudicada, já que apenas 1/3 das bolsas de produtividade em pesquisa do CNPq estão em posse das cientistas. Esse cenário torna-se mais deturpado em algumas áreas como a física, onde as mulheres possuem apenas 3% das maiores bolsas de produtividade (1A). Na Europa, a participação das mulheres em programas de mestrado e doutorado não ultrapassa 36% dos estudantes e pior, quanto maior o cargo como pesquisador menor é a representação feminina, chegando a 9% no cargo de Pesquisador A (mais alto nível). Discriminações parecidas são observadas nos Estados Unidos, cujo relatório do comitê organizado para analisar a situação das mulheres no Massachusetts Institute of Technology documentou que os laboratórios chefiados por mulheres eram menores do que os dos homens. As causas de tantas diferenças são multifatoriais, mas podemos atribuí-las em parte ao aspecto cultural que nutre o meio científico, sabendo que este é um ambiente altamente conservador e como tal preserva seus paradigmas e ideologias arcaicas, principalmente nos centros mais tradicionais, com longa história. Aparentemente, este problema não pode ser imputado somente à vontade dos homens que “fecham as portas”, mas também as próprias mulheres que impedem o crescimento de seus pares com comportamentos como a não aceitação de estudantes do sexo feminino para estudarem em seus laboratórios durante a pós-graduação ou a falta de apoio aos projetos de pesquisa de suas colegas, pois acreditam que elas não têm condições de concluí-los no tempo previsto por possuírem, ou por poderem possuir, outras atribuições como ser mãe e ter que se afastar das atividades laborais por um determinado período. A resolução dessas discrepâncias deve caminhar em um sentido pacífico, de respeito e ajuda mútua entre os sexos em prol do objetivo comum de ambos, o desenvolvimento da ciência. Não podemos alimentar uma guerra entre homens e mulheres por cargos e outros interesses, afinal de contas, como disse a física americana Mildred Dresselhaus em entrevista à revista Época: “Talento não se substitui. Ele nasce onde ele nasce. Não escolhe sexo”.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Até quando o Brasil vai formar doutores a baixo custo?

Artigo de Marcelo Ribeiro Pereira e Sustanis Horn Kunz enviado ao “JC e-mail”Marcelo Ribeiro Pereira, biólogo pela UFOP, é mestrando no Programa de Pós-Graduação em Entomologia da UFV; Sustanis Horn Kunz, bióloga pela Unemat, mestre em Ciência Florestal pela UFV, é doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Florestal da UFV. Não é novidade para a comunidade científica a situação de bolsas curtas e dificuldades financeiras enfrentadas pelos pós-graduandos deste país. Atualmente os valores de bolsas pagos pelo CNPq e Capes são proporcionalmente muito inferiores aos praticados há 12 anos atrás. 8.474 bolsas de mestrado e 7.811 de doutorado. Essa foi a previsão do numero de bolsistas do CNPq em 2006, segundo dados do relatório de gestão 2003-2006 do Ministério de C&T.Já a Capes, manteve em 2006, 10.868 bolsistas de Doutorado e 15.646 de mestrado, como mostram os dados do balanço da educação 2006 (Capes/MEC). Nos últimos anos, tanto o CNPq quanto a Capes têm se empenhado em aumentar o número de bolsistas, mas só aumentar a oferta de bolsas não é o suficiente, é preciso pagar bem. Atualmente os valores de bolsas pagos pelo CNPq e Capes são proporcionalmente muito inferiores aos praticados há 12 anos atrás. Foram nove anos sem reajustes até o ano de 2004 quando o atual Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, ofereceu um reajuste de 18%, que embora muito longe do valor defasado, representou uma conquista para a academia. A forma mais clara de se observar o pouco investimento na qualidade da formação dos pós-graduandos é atentar para o retrospecto da proporção entre os valores dasbolsas de mestrado, doutorado e o salário mínimo desde a criação do plano real. Vale também lembrar que esta defasagem se deve em muito à política de C&T praticada pelo então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, que no ano de 1995 levou à extinção do sistema que vinculava o valor das bolsas (CNPq e Capes) aos salários percebidos pelos docentes de instituições federais.Em fevereiro de 1995 o valor do salário mínimo era de R$ 70,00 e as bolsas de mestrado e doutorado R$ 724,52 e R$ 1.072,89, respectivamente. Assim, um mestrando ganhava aproximadamente 10 salários mínimos e um doutorando 15 salários ao mês. Atualmente essa proporção está bem menor, pois a bolsa de mestrado equivale proporcionalmente a 2.47 salários mínimos e a de doutorado a 3.66 salários, proporções bem inferiores às de 1995. Mas então surge a questão: de quanto deveria ser o reajuste para corrigir essa defasagem? Desde 1995 vêm se acumulando valores elevados de inflação que não foram repassados em forma de reajuste para as bolsas. Se analisarmos o período entre fevereiro de 1995 e junho de 2007, já são 158,2% de inflação medida pelo IPC-A, dos quais 18% foram repassados em abril de 2004 e 10% em abril de 2006, restando ainda um déficit de 130,2% que se fosse repassado elevaria o valor das bolsas de mestrado e doutorado para R$ 2.163,9 e R$3.208,9, respectivamente.Uma das possibilidades de minimizar esta defasagem seria a aprovação do projeto de lei nº 2315 de 2003, apresentado na Câmara Federal, em 16 de outubro de2003 pelo deputado federal Jorge Bittar (PT/RJ). O projeto propõe algumas mudanças, como: a criação de uma proporção mínima para os valores das bolsas de Pós-Graduação e graduação (Iniciação científica – IC)em relação aos salários dos docentes e até o direito à licença maternidade. Ao longo destes 3 anos de trâmite na Câmara dos Deputados, o projeto já recebeu pareceres favoráveis da Comissão de Educação e Cultura e da Comissão de C&T, passou por um arquivamento de quase 3 meses, no início deste ano, e agora se encontra na Comissão de Finanças e Tributação.Conseqüências desta desvalorização das bolsas de Pós-Graduação É inquestionável o fato de que essa falta de parâmetros claros e fixos para o reajuste das bolsas de Pós-Graduação acarretou uma enorme defasagem em seus valores. Essa defasagem por sua vez, leva a uma elitização do corpo acadêmico nacional, pois muitas vezes impossibilita o “sonho” da Pós-Graduação a profissionais recém formados que acabam por entrar no mercado de trabalho, tendo em vista que dependem de uma renda mensal digna para se manter. O curto orçamento mensal obriga, muitas vezes, os pós-graduandos a se privarem de atividades fundamentais para uma formação científica de qualidade, como curso de idiomas, participação em congressos ligados à sua linha de pesquisa e compra de livros. Uma outra dificuldade enfrentada é a de aquisição de um computador; embora nos últimos anos tenha ocorrido uma redução considerável nos valores de produtos ligados à informática, a aquisição de uma máquina ainda é um problema, pois muitos se vêem obrigados a se submeterem aos financiamentos bancários para adquirir este instrumento de trabalho que é de suma importância, principalmente quando na fase de redação da dissertação de mestrado ou da tese de doutorado.Outro aspecto negativo do baixo investimento na Pós-Graduação é o abandono do país, praticado por pesquisadores (“fuga de cérebros”) que buscam melhores condições de trabalho e salário; muitos acabam encontrando em instituições estrangeiras o merecido reconhecimento salarial e social que por vezes não é visto no Brasil. Estabelecendo-se assim no exterior, onde produzem conhecimento cientifico e em alguns casos até importantes patentes para os países que os acolheram, diminuindo ainda mais as possibilidades de o Brasil se tornar um exportador de tecnologia e referência científica para o mundo.Em janeiro deste ano, foi amplamente divulgada a conquista da tão esperada meta de formar 10 mil doutores e 40 mil mestres por ano, mas será que estes pesquisadores puderam aprender tudo a que se propunham quando ingressaram na Pós-Graduação? Tiveram condições financeiras de arcar com participação em congressos? Ou mesmo adquirir livros importantes para sua formação? A conclusão é somente uma: formar pesquisadores é essencial para o país, mas também é preciso investir não só em quantidade, mas também em qualidade.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Valores de bolsas de fomento - Projeto de Lei

Autor: Jorge Bittar - PT/RJ. Data de apresentação: 16/10/2003Ementa: Dispõe sobre os critérios para definição dos valores das bolsas de fomento ao desenvolvimento científico, tecnológico, artístico e cultural e dá outras providências. Explicação: Instituindo bolsa de estudo para o curso de pós-doutorado, doutorado, mestrado, aperfeiçoamento de formação em pesquisa, iniciação à formação em pesquisa e iniciação à formação em pesquisa júnior. PL-2315/2003

FAPESP e a Política Estadual

O Governador Serra e suas incursões sobre a autonomia universitária gerou conturbações no meio acadêmico que culminou com a greve e posterior invasão no campus da USP em maio deste ano. A separação das universidades da Fapesp e a fragmentação da educação no estado foram um dos motivos. Parte das atribuições da extinta Secretaria de Ciência e Tecnologia, que incluíam as universidades estaduais paulistas, ficou com a Secretaria de Ensino Superior, criada em janeiro, e a Fapesp, com a reformulação, acabou vinculada à Secretaria de Desenvolvimento. Sabendo que as universidades paulistas respondem por mais da metade da pesquisa acadêmica produzida no país e, prevendo corte em verbas e aumento na burocracia, os Diretores de Unidades Acadêmicas da UNICAMP, redigiram um manifesto que solicitava o remanejamento das Universidades para a Secretaria de Desenvolvimento e posterior extinção da Secretaria de Ensino Superior, além daquelas revogações (atendidas) nos decretos que cerceavam a autonomia universitária. Recentemente, o Governador Serra publicou um decreto que adiciona a FAPESP à Secretaria de Ensino Superior, restabelecendo assim a ordem entre os pares. Nem tanto. As manifestações que duraram cerca de 50 dias, abalaram o interesse de José Aristodemo Pinotti, que pediu demissão do cargo de Secretário, apesar da insistência do Governador. O novo secretário, Carlos Alberto Vogt, ocupava a presidência do Conselho Superior da FAPESP. Após uma lista tríplice, Celso Lafer (Direito-USP) toma posse como presidente da FAPESP, tendo sido escolhido entre José Arana Varela (IQ-UNESP/AQA) e José Tadeu Jorge (Reitor-UNICAMP). A lista foi entregue pelo presidente em exercício, Marcos Macari. E ainda no mês de agosto foram nomeados pelo Governador, Eduardo Moacyr Krieger, José de Souza Martins e Luiz Gonzaga Belluzzo, como novos integrantes do Conselho Superior da FAPESP. Bem esperamos que depois de tanta patacoada que assola nossos governantes, A FAPESP, não se torne mais um meio de conchavo ou de interesses mesquinhos e continue a fomentar a pesquisa de maneira séria e ainda servir de exemplo para os demais governantes do país, podendo, assim, dar mais apoio financeiro às suas fundações estaduais, ou como diria Eduardo Guimarães “O que a Fapesp soube muito bem fazer foi ser uma instituição que resultou de uma efetiva participação de um segmento da sociedade, os cientistas, não sendo simplesmente o resultado de uma ação do Estado ou de Governos. Ou seja, a Fapesp não tem sido, na sua história, um organismo co-optável pelo poder.” (referência ao livro Fapesp: Uma História de Política Científica e Tecnológica e Para uma História da Fapesp. Marcos Documentais. Shozo Motoyama. São Paulo, Fapesp, 1999). Marcos Antonio Rodrigues (FMRP/USP)

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

BOLSAS de PÓS-GRADUAÇÃO

Você sabia que até 1995 os valores de bolsas da pós-graduação pagos pela CAPES e CNPq eram vinculados aos salários dos professores das Universidades Federais? Em 1997 o então presidente Fernando Henrique Cardoso decretou o CONGELAMENTO das bolsas da pós-graduação (decreto 2.370/1997). Desta forma os pós-graduandos não possuem poder de negociação e têm que depender da "boa vontade" das Instituições de Fomento. Você sabia que desde 2003 tramita na Câmara um projeto de lei do deputado Jorge Bittar (PT-RJ) para vincular novamente o valor das bolsas de pós aos salários de professores das Universidades Federais (PL 2.315/2003)? Este projeto de lei recebeu inúmeros pareceres de aprovação, mas foi ARQUIVADO em 31/01/2007 e posteriormente desarquivado em 18/04/2007 por solicitação do próprio deputado Jorge Bittar. Se o referido projeto de lei fosse aprovado, o valor da bolsa de mestrado pago pela CAPES/ CNPq passaria dos atuais R$ 940,00 para R$ 2048,57 e a bolsa de doutorado passaria de R$ 1394,00 para R$ 2900,86!!!Você sabia que muito provavelmente seu orientador(a) cursou a pós-graduação com uma bolsa que representava PODER DE COMPRA aproximadamente 150% superior ao seu? Você sabia que PODE fazer alguma coisa para que o PL 2315/2003 seja aprovado? Nós pós-graduandos não temos poder de negociação, mas somos FORMADORES DE OPINIÃO. Basta mandar um e-mail para seus representantes na Câmara por meio do site http://www.camara.%20gov.br/ solicitando a aprovação do PL 2315/2003. Talvez possamos corrigir mais uma injustiça e promover o RECONHECIMENTO de quem verdadeiramente contribui com a PESQUISA deste país...
Maira G. M. Pereira (APG) APG Ribeirão/USP

Por que PROUNI?

Que a educação não é prioridade para os governos brasileiros nas últimas décadas todos nós estamos “burros” de saber. Basta observarmos a constante queda de qualidade do ensino fundamental e médio, público e privado. Currículos burocraticamente suficientes e incapazes de formar de modo adequado o intelecto crítico, cultural e artístico da população brasileira. Ignoramos o fato de dependermos da educação para um mundo melhor, e mais que isso, trata-se com enorme crueldade e cinismo os estudantes (as crianças e jovens). Como não poderia deixar de ser, a polêmica em relação ao ensino superior não é diferente. Devemos nos questionar: onde queremos chegar com a falta de qualidade e expansão dos aspectos quantitativos do nosso ensino superior? Queremos um exército formado por desempregados diplomados com nível superior? Estudantes que com seus esforços acima da média trabalhando em turno integral ainda tiveram força para vencer a inércia, o comodismo, a frustração e a falta de perspectivas não merecem algo melhor? A questão é que aparentemente o maior beneficiado pelo PROUNI é a rede privada de ensino superior. São os mesmos empresários que se recusam a investir na contratação de doutores competentes e titulados nas áreas em que lecionam, chegando a demitir docentes que obtiveram titulação. O fato é que não há qualquer garantia de que o ensino oferecido seja de boa qualidade, pois a equação empreendedora tem que ser lucro máximo com investimento mínimo possível. Como não se pode generalizar, temos que acreditar que algo entre 5 e 15% dessas instituições realmente estejam investindo seriamente na qualidade do ensino. Parabéns aos que lucram com o PROUNI. Ao estudante, boa sorte na escolha e lembre-se que mais que dinheiro, estarão em jogo seu tempo e formação acadêmica. O tempo ninguém pode recuperar, e sua formação (independente da qualidade) o acompanhará por toda vida. Giovani APG/RP-ATIVA Doutorando, Fisiologia. FMRP.