quinta-feira, 27 de setembro de 2007

FAPESP e a Política Estadual

O Governador Serra e suas incursões sobre a autonomia universitária gerou conturbações no meio acadêmico que culminou com a greve e posterior invasão no campus da USP em maio deste ano. A separação das universidades da Fapesp e a fragmentação da educação no estado foram um dos motivos. Parte das atribuições da extinta Secretaria de Ciência e Tecnologia, que incluíam as universidades estaduais paulistas, ficou com a Secretaria de Ensino Superior, criada em janeiro, e a Fapesp, com a reformulação, acabou vinculada à Secretaria de Desenvolvimento. Sabendo que as universidades paulistas respondem por mais da metade da pesquisa acadêmica produzida no país e, prevendo corte em verbas e aumento na burocracia, os Diretores de Unidades Acadêmicas da UNICAMP, redigiram um manifesto que solicitava o remanejamento das Universidades para a Secretaria de Desenvolvimento e posterior extinção da Secretaria de Ensino Superior, além daquelas revogações (atendidas) nos decretos que cerceavam a autonomia universitária. Recentemente, o Governador Serra publicou um decreto que adiciona a FAPESP à Secretaria de Ensino Superior, restabelecendo assim a ordem entre os pares. Nem tanto. As manifestações que duraram cerca de 50 dias, abalaram o interesse de José Aristodemo Pinotti, que pediu demissão do cargo de Secretário, apesar da insistência do Governador. O novo secretário, Carlos Alberto Vogt, ocupava a presidência do Conselho Superior da FAPESP. Após uma lista tríplice, Celso Lafer (Direito-USP) toma posse como presidente da FAPESP, tendo sido escolhido entre José Arana Varela (IQ-UNESP/AQA) e José Tadeu Jorge (Reitor-UNICAMP). A lista foi entregue pelo presidente em exercício, Marcos Macari. E ainda no mês de agosto foram nomeados pelo Governador, Eduardo Moacyr Krieger, José de Souza Martins e Luiz Gonzaga Belluzzo, como novos integrantes do Conselho Superior da FAPESP. Bem esperamos que depois de tanta patacoada que assola nossos governantes, A FAPESP, não se torne mais um meio de conchavo ou de interesses mesquinhos e continue a fomentar a pesquisa de maneira séria e ainda servir de exemplo para os demais governantes do país, podendo, assim, dar mais apoio financeiro às suas fundações estaduais, ou como diria Eduardo Guimarães “O que a Fapesp soube muito bem fazer foi ser uma instituição que resultou de uma efetiva participação de um segmento da sociedade, os cientistas, não sendo simplesmente o resultado de uma ação do Estado ou de Governos. Ou seja, a Fapesp não tem sido, na sua história, um organismo co-optável pelo poder.” (referência ao livro Fapesp: Uma História de Política Científica e Tecnológica e Para uma História da Fapesp. Marcos Documentais. Shozo Motoyama. São Paulo, Fapesp, 1999). Marcos Antonio Rodrigues (FMRP/USP)

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