quarta-feira, 26 de março de 2008

Carta-Programa da Chapa RODA-VIVA APG e RD (USP – 2008/2009) Há 40 anos, no mundo todo, os estudantes, a juventude em geral, se levantavam para mudar a política, os valores, os costumes e a cultura. Nesse movimento, em julho de 1968 um acontecimento marcou São Paulo: estava sendo encenada a peça RODA-VIVA, de autoria de Chico Buarque; grupos fascistas, sentindo-se afetados, numa ação brutal invadiram o teatro, promoveram um quebra-quebra e espancaram os atores. Escolhemos para nossa chapa o nome RODA-VIVA numa homenagem à geração de 68, que fez a crítica prática das relações sociais; desse modo, também procuramos traduzir a orientação de nossa ação através dessa expressão. Neste sentido, convidamos os estudantes de hoje a se juntarem à nossa RODA-VIVA para mudarmos as atuais relações sociais, a começar pelas que vigoram na universidade. Nós, pós-graduandos da USP, teremos em 2008 uma oportunidade rara: a de participar da definição dos rumos de nossa universidade. Em maio acontecerá o 5º Congresso da USP (reunindo alunos, professores e funcionários). No decorrer de todo esse ano encontra-se em pauta uma reforma no Estatuto da USP. Tanto os Representantes Discentes (RD's), quanto a Associação dos Pós-Graduandos (APG) são meios que temos para influir nos rumos desses acontecimentos. É com esse intuito que nos constituímos como chapa e nos apresentamos como candidatos nessas eleições. Entendemos que influir na história da USP significa, sobretudo, participar da luta pela efetivação de um projeto de universidade, do qual: 1. O objetivo é levar a USP, além do seu conhecido caráter de competência e excelência acadêmicas, a assumir o compromisso interno com a democracia na universidade e o vínculo externo com uma sociedade mais justa, menos desigual do que é hoje. 2. O pressuposto é a prática política democrática, a interação política permanente entre nós na qual haja abertura para se trabalhar as diferenças. Priorizamos como frentes de luta, tendo como horizonte 1 ano de trabalho, o 5º Congresso da USP e a reforma no Estatuto de nossa universidade. Isso, porque no presente esses acontecimentos são oportunidades históricas de fazer avançar tanto as questões de caráter estrutural, quanto as conjunturais que, em maior ou menor grau, nos dizem respeito. Defendemos que o 5º Congresso da USP (a ocorrer entre 26 a 30 de maio) esteja aberto a todos os pós-graduandos. Nele, propomos como pauta, a ser discutida e deliberada, a luta por: 1. Democratização da Estrutura de Poder na USP (a mais concentrada entre as universidades públicas brasileiras e que sequer se adequou à Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei9394/96, que confere 30% dos acentos nos colegiados a estudantes e funcionários). 2. Melhoramento da Infra-Estrutura, enquanto suporte fundamental aos pós-graduandos, que se traduz na ampliação das políticas de permanência estudantil na universidade (alimentação, saúde, transporte e moradia). 3. Salvaguardas aos pós-graduandos no que diz respeito à relação entre orientador e orientando (mesmo nas atividades de monitoria, no âmbito do PAE). 5. Ampliação do Financiamento Público da USP e abertura pública das contas da universidade. 6. Auditoria das Fundações Universitárias e dos convênios universidade-empresa. 7. Posicionamento pela expansão do ensino superior público, gratuito e de qualidade (com autonomia universitária e indissociação entre ensino, pesquisa e extensão), pela transformação das instituições de ensino superior privadas em universidades públicas, pela ampliação do número de bolsas e do seu valor, contra os critérios de avaliação de produtividade da CAPES e contra a criminalização do movimento estudantil (como a ação da USP em relação à Ocupação da Reitoria em 2007). A reforma no Estatuto da USP é a oportunidade em que poderemos consagrar a conquista de grande parte dessa pauta. Por isso, lutaremos para que essa reforma seja feita por meio de uma Assembléia Estatuinte, convocada especificamente para tanto, de caráter paritário e democrático. Propomos, tanto através dos RD's, quanto por meio da APG, o desenvolvimento de um trabalho orientado para a abertura e a democratização das relações entre os pós-graduandos. Em cada caso, as formas desse trabalho possuem suas peculiaridades. Enquanto RD's nos Conselhos Centrais, nossa ação estará baseada na vontade e nas decisões coletivas dos pós-graduandos. Propomos uma forma de atuação que envolve as seguintes metas: 1. Organização. A organização tem por base a constituição de 4 Grupos de Trabalho, formados pelos RD's em cada Conselho Central (Cons. Universitário, de Pós-Graduação, de Pesquisa e de Cultura e Extensão), que irão sistematizar as questões em pauta nesses conselhos. 2. Transparência. Atualmente, somos mais de 22 mil alunos de pós-graduação, distribuídos em 10 campi (na capital: Cidade Universitária, Pinheiros, São Francisco e Arquitetura; no interior: Ribeirão Preto, Piracicaba, São Carlos, Bauru, Pirassununga e Lorena). Assim, o meio mais eficiente para nos comunicarmos é a Internet. Por meio dela, vamos dar publicidades ao nosso trabalho, às pautas e às atas das reuniões nos Conselhos Centrais. 3. Legitimidade. A ação dos RD's estará fundamentada, além das assembléias nas quais nos encontramos presencialmente, também em nossa comunicação via troca de e-mail's, site e blog. A legitimidade dos RD's decorre de nesses conselhos expressar a vontade coletiva dos alunos, as decisões tomadas nas assembléias e eletronicamente. Entendemos que a APG (na capital, trabalhando em parceria com as APG's do interior) é uma entidade que deve desempenhar, sobretudo, o papel de mediação e viabilização do nosso movimento, dos pós-graduandos, em defesa e ampliação dos nossos direitos (sem se arrogar a postura de ditar os passos do movimento). Propomos uma forma de atuação que envolve as seguintes metas: 1. Realização Assembléias Ordinárias Mensais, com programação definida no início da gestão, como instância legítima de tomada de decisões. 2. Consolidação de site e blog da entidade, através dos quais haverá a publicização de todos os nossos documentos, das pautas e das atas das assembléias e, ainda, das pautas e atas das reuniões dos Conselhos, bem como dos comunicados dos nossos RD's. 3. Manutenção de contato permanente e atualizado com a totalidade dos alunos, tanto através de comunicação via e-mail's, quanto da criação de um Boletim Eletrônico, alimentado pela APG e pelos RD's, a ser enviado periodicamente a todos. 4. Criação de um "Fórum de RD's da USP", um sistema regular de comunicação, apoio e organização que integre os RD's nos Conselhos Centrais, nas unidades e em cada programa de pós-graduação. 5. Recuperação da sede da APG (interditada pela Reitoria para reforma, desde 2006), para estruturá-la como pólo de aglutinação e de defesa dos estudantes nas mais diversas circunstâncias. 6. Implementação de Ciclos de Seminários Itinerantes. Além das atividades de pesquisa, um elemento da maior importância de nossa vida na universidade consiste no fortalecimento de nossa participação ativa em questões inevitáveis que dizem respeito a todos nós. Portanto, cabe constituir um programa de discussões entre nós sobre política de ensino superior, agências de fomento à pesquisa, financiamento público e privado da universidade, estrutura de poder na universidade, acesso e permanência na pós-graduação, qualidade e formato dos programas de pós-graduação, maior ou menor adaptação aos critérios de avaliação da CAPES etc. Através da reflexão sobre nossa prática, poderemos atualizar tanto uma pauta para a USP, quanto enriquecer um projeto democrático de universidade. 7. Realização de reuniões ordinárias bimestrais com as APG's do interior, com vistas à implementação de ações coordenadas dos pós-graduandos da USP. 8. Manutenção de contato permanente com o DCE/USP, ADUSP, SINTUSP, as APG's de outras universidades, a Associação Nacional dos Pós-Graduandos, a Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior etc. 9. Implementação de um Sistema de Informações. Frequentemente, a defesa dos direitos e necessidades dos pós-graduandos depende do acompanhamento adequado da atuação de órgãos e instituições externas à universidade. Neste sentido, vamos realizar tanto o monitoramento, quanto, quando necessário, uma atuação ofensiva frente à FAPESP, CAPES, CNPq, Secretaria do Ensino Superior de SP, Ministério da Educação, Assembléia Legislativa de SP, Câmara dos Deputados e Senado Nós, integrantes da Chapa RODA-VIVA, somos pós-graduandos vinculados aos campi de São Paulo, Ribeirão Preto e Piracicaba. Todos nós concorremos aos postos de RD's nos Conselhos Centrais; todos os integrantes vinculados a programas de pós-graduação em São Paulo concorremos à APG/capital. No quadro a seguir, tem-se os estudantes que compõem a chapa e sua vinculação Institucional: Componente Campus Unidade Programa Andre Menezes Rocha São Paulo FFLCH Filosofia Daniel Afonso da Silva São Paulo FFLCH História Daniel Cantinelli Sevillano São Paulo FFLCH História David Julio da Costa São Paulo EP Eng. Mecatrônica Evandro de Carvalho Lobão São Paulo FE Educação Evandro Noro Fernandes São Paulo FFLCH Geografia Flávio de Oliveira Pires São Paulo EEFE Educação Física Heitor Antonio Paladim Júnior São Paulo FFLCH Geografia Jefferson Januario dos Santos São Paulo FE Educação Josoaldo Lima Rego São Paulo FFLCH Geografia Juliano de Moraes Ferreira Silva São Paulo FCF Farmácia Rafael Diniz Pucci São Paulo FD Direito Renato Soares Bastos São Paulo FFLCH História Viviane Morcelle de Almeida São Paulo IF Física Dawit Albieiro Pinheiro Gonçalves Ribeirão Preto FM Fisiologia Eduardo Carvalho Lira Ribeirão Preto FM Fisiologia Helena Siqueira Vassimon Ribeirão Preto FM Clínica Médica Maira Gabriela Martins Pereira Ribeirão Preto FM Imunologia Marcus Vinicius Santos dos Passos Ribeirão Preto FM Clínica Médica Vanessa Danielle Menjon Müller Ribeirão Preto FCF Farmácia Guilherme Pires D'Ávila de Almeida Piracicaba CENA Quím. na Agr. e noAmb.

domingo, 25 de novembro de 2007

II Simpósio da Associação de Pós-Graduandos

II Simpósio da Associação de Pós-Graduandosda USP Ribeirão PretoPós-Graduação: cotidiano, recursos e perspectivas. Local: Anfiteatro da Bioquímica – Prédio Central da Fac. de Medicina de Ribeirão Preto Taxa de Adesão: R$ 5,00 Quinta-feira 29 de novembro de 2007 18:00h Inscrições 18:30h Abertura: Papel da APG na universidade • Dawit A.P. Gonçalves – Coordenador Geral da APG-USP/RP • Prof. Dr. Júlio Sérgio Marchini – FMRP/USP • Prof. Dr. Celso Rodrigues Franci – FMRP/USP 19:15h Ética na pesquisa com seres humanos – Prof. Dr. Edson Garcia Soares- FMRP/USP 20:00h Intervalo 20:15h Ética na experimentação animal – Prof. Dra. Júlia Maria Matera - USP-SP 21:00h Biossegurança - Prof. Dr. Joel Majerowicz – FIOCRUZ 21:45h Problemas freqüentes no envio de projetos para a Comissão de Ética em Experimentação Animal - Profa. Dra. Claudia Maffei – FMRP/USP Sexta-feira 30 de novembro de 2007 18:30h Bolsas: Políticas de distribuição e correção de valores (Projeto de Lei no 2315) • Prof. Dr. José Drugowich – FFCLRP/USP, Conselheiro do CNPq • Allan Aroni – Presidente da ANPG 20:00h Intervalo 20:15h Mesa redonda: Estratégias administrativas para a pesquisa • Prof. Dr. João Luiz Passador – FEARP/USP • Prof. Dr. Benedito Honório Machado – FMRP/USP Sábado 01 de dezembro de 2007 08:30h Mesa redonda: Gerenciando a APG – Relatos de Casos • Guilherme Pires D'Avila de Almeida – Presidente da APG-USP/CENA • Rogério Adas Vitalli – Presidente da APG-ITA • Membros das APGs

CINE APG 28/11

Dia 28/11, quarta-feira, será exibido o filme "O Quarto do Filho" do diretor Nanni Moretti, às 19h, no anfiteatro da CPG Central/FMRP, localizado na casa 2 da rua Pedreira de Freitas. Após a exibição do filme haverá discussão com o Prof.Dr. Eurico Arruda Neto, do departamento de Biologia Celular e Molecular e Bioagentes Patogênicos, da FMRP. Segue abaixo alguns trechos sobre o filme: "Em poucas nações a família tem tanta relevância como na Itália. Mais do que um grupo de pessoas com laços sanguíneos, parentes e familiares italianos parecem possuir afetivos eternos e inquebráveis. A família do psicanalista Giovanni(Nanni Moretti) e da editora Paola(Laura Morante), não foge à regra. Chamado um dia à escola de seu filho Andrea, acusado de roubar um fóssil do laboratório escolar, Giuseppe começa a questionar a educação que deu ao garoto. Preocupado com o pouco tempo que possui para gastar com o filho, o pai resolve lhe dar mais atenção. Mas o destino parece não querer favorecer pai e filho, já que uma tragédia impedirá para sempre o estreitamento dessa relação. Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2001, O Quarto do Filho, mais recentemente filme do diretor Nanni Moretti, trata com delicadeza e enorme brilhantismo de sentimentos intensos como a perda, o amor e a culpa. Produzido, estrelado e escrito pelo próprio diretor, O Quarto do Filho é um retrato muito sincero de como a dor causada por uma tragédia pode até afetar as pessoas de modos diferentes, mas não isenta ninguém. "Um filme belíssimo." - L.C.M. - O Estado de São Paulo." ”O Quarto do Filho é uma destas fatias da vida. Sua sinopse cabe numa única linha: a dor de uma família de classe média após a perda de um filho. E ponto. Ponto final na sinopse, ponto inicial num turbilhão de emoções verdadeiras. O roteirista, diretor e ator Nanni Moretti cria a ambientação de uma família comum, igual a tantas outras, que vive normalmente num lugar normal. Ninguém é detetive, policial ou agente secreto. Nenhuma casa é especialmente maravilhosa, nenhum carro é de tirar o fôlego. O recado de Moretti parece claro: “Esta família poderia ser a sua”. Conseqüentemente, esta dor também.” ”Por isso, é quase impossível não sentir um nó na garganta, um soluço engasgado ou mesmo algumas lágrimas escorrendo pelo rosto quando o casal formado por Giovanni (Moretti) e Paola (Laura Morante) recebe a notícia quase inacreditável da morte de seu filho adolescente. Uma perda que desencadeia sentimentos de culpa, de desperdício, de tristeza, de incredulidade, de rompimento. Todos vividos e sentidos com uma dignidade cruel, sem os rompantes de desespero que nos acostumamos a atribuir à exagerada alma italiana. Pelo seu estilo sóbrio e pela profundidade das suas emoções, O Quarto do Filho mereceu várias e importantes premiações internacionais. Entre elas, a cobiçada Palma de Ouro no Festival de Cannes e nada menos que doze indicações ao prêmio David di Donatello, o Oscar italiano.” “Giovanni, a sua mulher Paola, e os dois filhos adolescentes, Irene e Andrea, vivem uma pacata existência em Ancona, uma pequena cidade no Norte de Itália. Os pais ajudam os filhos nos trabalhos de casa e riem às escondidas quando ouvem conversas sobre namorados e "charros".Giovanni é psicanalista. No consultório, anexo à casa da família, Giovanni recebe os seus pacientes, que lhe confiam as suas neuroses, com a mesma calma que marca toda a sua vida. Ele gosta de ler, de ouvir música (só italiana), de fazer jogging. Num domingo de manhã, Giovanni recebe um telefonema de um doente que precisa de o ver com urgência. Giovanni têm assim que cancelar a corrida que tinha programado com o filho, Andrea.O rapaz vai então mergulhar com os amigos... mas não volta. Morre de embolia, num acidente de mergulho. A família não consegue expurgar a dor da perda do filho. Deixa-se consumir por um sentimento atroz, que os atinge, a cada um, de um modo particular. Giovanni não consegue impedir-se de regressar mentalmente ao passado, numa tentativa de alterar este presente tão cruel. O sentimento de culpabilidade impõe-se e o pai não consegue deixar de se interrogar como tudo teria sido se não tivesse ido ver aquele doente, naquele fatídico domingo de manhã. Até que, um dia, chega uma carta de amor para Andrea, de uma jovem que desconhece a tragédia. É Ariana que vai conduzir a família nesse contorcido caminho da possível saída do desespero.”

A melhor pós-graduação do Brasil é da USP

Segundo a avaliação trienal promovida pela CAPES, que analisou todos os programas de pós-graduação do Brasil durante o período 2004/2006 a USP detém o maior número de programas com nota 7, a mais elevada. São 25 programas no total. Para a reitora Suely Vilela, o bom desempenho da USP se explica por uma “preocupação constante com a pós” mantida pelo corpo diretivo da Universidade. A professora cita como exemplos dessa preocupação iniciativas adotadas pela USP que enfocam a melhoria na formação tanto de alunos de graduação quanto de estudantes da pós-graduação. Uma dessas estratégias é a internacionalização. A avaliação da Capes leva em conta o quanto o curso é inserido e tem relevância em outros países. Estuda-se, por exemplo, os intercâmbios promovidos entre alunos e professores e o quanto a produção acadêmica de um determinado curso é citada como referência em trabalhos de fora do Brasil. É nessa questão que se baseia a diferença entre os programas avaliados com as melhores notas, 6 e 7, para os que recebem os conceitos 4 e 5. Pela primeira vez o número de programas de pós-graduação da USP avaliados com o conceito 7 é superior aos de conceito 3. São 25 que receberam a nota máxima, contra 16 que ficaram com o 3. Além disso, o número de programas nota 5 é maior que os de programas 3 e 4 somados. O pró-reitor de Pós-Graduação da USP, Armando Corbani Ferraz, explica que uma das ferramentas que a Universidade empregou para aprimorar a internacionalização de seus cursos é o processo de intercâmbio direto de docentes no qual professores estrangeiros passam três meses desenvolvendo atividades na USP, num processo muito enriquecedor para todos os envolvidos. Suely Vilela e Armando Corbani enfatizam outra questão numérica que sugere a boa posição da USP. No ranking elaborado pela Universidade de Xangai (China), o desempenho da USP sobe a cada ano. Em 2003, a USP era a 165ª melhor universidade do mundo, de acordo com os chineses; em 2007, a posição obtida pela Universidade foi a 128ª. E com uma melhora sucessiva verificada em todos os anos. O pró-reitor lembra um fator que valoriza ainda mais o feito da USP: “nesse ranking de Xangai, 30% da pontuação é destinada ao recebimento de Prêmios Nobel ou outras honrarias específicas. A USP não recebeu, ainda, nenhuma dessas honrarias. Ou seja: conseguimos esse desempenho ótimo mesmo competindo apenas com 70% do valor possível”, explica Armando Corbani. Cabe a nós, pós-graduandos e aos nossos orientadores, continuarmos elevando esses números, mas não pensando apenas em publicações e premiações, mas também nas contribuições de nossas pesquisas para a vida da sociedade. Adaptado do texto de Olavo Soares por Vanessa D. Menjon Müller

Mestrado profissional: igualando a competitividade???

(Luiz FernandoFerrari) Muito tem sido comentado sobre o crescimento do número de cursos de Mestrado Profissionalizante. Em certas áreas talvez seja até mesmo justificado tal fato, devido ao número reduzido de oportunidades de um profissional se aperfeiçoar e se aprofundar em algum tema relacionado. Entretanto, do ponto de vista prático, o que parece ser uma modalidade a mais de inserção de um profissional no mundo da pesquisa – nem que seja apenas para “familiarizá-lo com metodologias, como dizem alguns defensores do MP” -, pode se tornar mais um empecilho na já tão difícil inserção no mercado de trabalho. É notória a dificuldade de um estudante de Pós-Graduação em encontrar um emprego ao final de seus anos de dedicação à área acadêmica. A procura por concursos públicos, a grande concorrência em se conseguir uma vaga em Faculdades particulares, entre outras, estão entre as maiores dificuldades encontradas pelos recém-Mestres e Doutores. Dessa forma fica a pergunta: para quê serve o MP? A atual Diretoria da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) tem estimulado o surgimento de mestrados profissionais – atualmente mais de 200 cursos de MP estão em andamento. Embora seja descrito como um “título terminal, que se distingue do acadêmico porque este último prepara um pesquisador, que deverá continuar sua carreira com o doutorado, enquanto no MP o que se pretende é imergir um pós-graduando na pesquisa, fazer que ele a conheça bem, mas não necessariamente que ele depois continue a pesquisar”, ainda parece que a diferença entre os cursos de MP e os cursos de especialização é pequena. Em linguagem clara, normalmente podemos distinguir duas situações: 1) o recém-formado não está satisfeito com seu conhecimento, sentindo necessidade de se aperfeiçoar. Nada mais natural que ir em busca de cursos de aperfeiçoamento, atualização ou até mesmo de especialização. Nestes, ele terá que desembolsar uma certa quantia – nem sempre pequena – e terá, ao final do período, seu título de especialista, no caso de ter optado pela especialização. A situação número 2 é um pouco mais interessante: o profissional quer se especializar, adquirir mais conhecimento, se familiarizar com a vida acadêmica e as metodologias e, quem sabe, se inserir na vida docente. O Mestrado seria necessário, já que, para ser Professor Universitário, a “bagagem” deve ser mais consistente. Entretanto, como deixar de lado seu consultório, seu escritório, seu emprego, sendo que grande parte dos Programas de Pós-Graduação em nível de Mestrado exige dedicação integral? Surge no cenário os cursos de MP, nos quais o aluno comparece poucos dias por mês, durante um ano e meio, dois anos talvez, e termina o período com o título de Mestre. Dessa maneira justifica-se a definição de MP, que procura que o aluno“ (1) conheça por experiência própria o que é pesquisar, (2) saiba onde localizar, no futuro, a pesquisa que interesse à sua profissão, (3) aprenda como incluir a pesquisa existente e a futura no seu trabalho profissional.”. O interessante é que, em palavras, tudo isso parece beneficiar a todos, já que os profissionais podem ter mais uma oportunidade de se aperfeiçoarem e, ao mesmo tempo, “fazerem Ciência”. Isso de fato é bom? Perguntemos a um aluno de Pós-Graduação que teve que se afastar do trabalho (“é uma escolha pessoal”, diriam os defensores do MP), pois para conseguir uma Bolsa de fomento não pode ser vinculado a outro emprego, se dedicar horas a fio ao trabalho laboratorial, experimentos, leitura, etc: em um concurso, qual título vale mais, o do Mestrado acadêmico ou Profissional? Não há resposta diferente: os dois terão o mesmo peso. Isso é justo? Será que a justificativa de que os MP agregam competitividade e produtividade às empresas, públicas ou privadas, é consistente? Que tal pensarmos em inserir o profissional qualificado e competente, que se tornou um Mestre na área – ou Doutor – neste quadro? Se um dos problemas que temos com relação à Academia em nosso país é seu distanciamento da área produtiva, por que não estimular os Mestrados já existentes a se aproximarem do trabalho não-acadêmico também? Isto é dito por que, retornando à nossa pergunta inicial, podemos respondê-la, a frios olhos, que o MP é, na verdade, uma especialização que dá o título de Mestre. Seria diferente? Ainda assim, a competitividade no mercado “lá fora” não deveria ser dificultada pela criação de modalidades que tornam ainda mais árdua a busca pelo emprego ideal. Contudo, essa é uma discussão longa, e as opiniões se dividem. Para continuarmos a debater este tema, outras oportunidades aparecerão.

Órbitas de um pós-graduando

* Fernanda Machado dos Santos Md. Fisiologia FMRP A busca incessante por resultados praticáveis e aplicáveis, o interrogatório constante, a exigência do orientador, a ansiedade dos que estão em volta... Todos são fatos que acompanham a maioria daqueles que optaram por dar continuidade à carreira acadêmica e adentrar-se numa atividade tal qual um complexo labirinto hermeticamente fechado, onde penetram litros de água a cada dia, fazendo-o sentir na iminência do afogamento: A pós-graduação. São horas e dias de dedicação exclusiva e exaustiva para pôr em prática o que um dia já foi motivo de noites mal dormidas: O projeto. Assim, o pós-graduando carrega sobre ele a doce esperança de ganhar um título, e o dissabor dos experimentos mal sucedidos, da espera pelo novo recurso que o auxiliará na pesquisa, das visitas ao laboratório nos finais de semana e feriados, da saudade dos parentes que moram longe... Nada além do normal, diria alguém experiente. Contudo, na sua mera inexperiência, o pós-graduando se depara com o “novo” todos os dias, e assim assimila o que lhe convém. Uma dose de perspicácia não é demais para saber ouvir e emitir um discurso feliz na hora correta. Não é raro, nos corredores de departamentos, correrem boatos do tipo “Fulano toma remédio controlado para depressão” ou “Sicrano é alienado”... E, felizmente, ou infelizmente, são fatos. Mas é fato também que o entorno do pós-graduando não é formado apenas por este contingente de labuta, afinal, atividades culturais e políticas cercam o meio acadêmico e oferecem atalhos para se chegar ao fim da pós-graduação com outras especialidades desenvolvidas ou aprimoradas. A associação de pós-graduandos (APG) é uma entidade política, mas apartidária, que possibilita o envolvimento do pós-graduando nas diversas esferas da Universidade, seja junto ao diretor da faculdade, com pró-reitores ou com a própria reitoria. E assim, o pós-graduando tem a oportunidade de participar de importantes tomadas de decisões, com direito a voz e voto. Para quem gosta, é uma maneira interessante de desviar a atenção dos estudos e às vezes uma forma agradável de manter-se informado dos eventos relacionados com a Universidade. Igualmente, para os que preferem ver a política por fora, mas também não dispensam atividades extras, o CEFER dispõe de diversas atividades esportivas gratuitas para os estudantes, e em horários diversos, o que facilita sua participação. Àqueles dotados de habilidades artísticas também não falta diversão: Curso de fotografia, pintura em tela, dança, teatro, música, coral etc. São algumas das atividades culturais que a Universidade fornece gratuitamente para os alunos regularmente matriculados. Seja para os que pretendem aperfeiçoar a técnica ou para aquele que deseja fugir da rotina. Para quem conhece um ou é um deles, sabe que na maioria das vezes a pós-graduação é maçante, angustiante, desanimadora e conflitante. Entretanto, para minimizar esses ônus, a paciência, serenidade, concentração e autoconfiança são cruciais. Por fim, para quem acredita que o ser humano não só depende do conhecimento racional e rigoroso de qualquer coisa, vale ressaltar que “A cultura humanista é a seiva que deve penetrar todas as especialidades”, frase proferida por professor Miguel Covian (in memorian), um dos primeiros docentes de Fisiologia da FMRP.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Mulher e Ciência: como anda essa relação?

Não é de hoje que percebemos a presença do dito “sexo frágil” nas diferentes áreas – as mulheres ganham cada vez mais espaço e dominam novos “territórios”. Entretanto, há algumas semanas atrás, a revista Época (24/09/2007) escreveu uma matéria chamando a atenção da sociedade para a escassez de “cérebros femininos” nos altos escalões da ciência brasileira e mundial; vale lembrar que Jacqueline Leta já havia levantado esta questão em 2003. Outros agravantes se somam a essa problemática e não se resume apenas a status, posições de prestígio e poder, mas refere-se também ao menor apoio das agências de fomento a pesquisa à formação das futuras pesquisadoras, fato constatado pelo reduzido número de bolsas no exterior, somente 33% do total, fornecido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A própria pesquisa também é prejudicada, já que apenas 1/3 das bolsas de produtividade em pesquisa do CNPq estão em posse das cientistas. Esse cenário torna-se mais deturpado em algumas áreas como a física, onde as mulheres possuem apenas 3% das maiores bolsas de produtividade (1A). Na Europa, a participação das mulheres em programas de mestrado e doutorado não ultrapassa 36% dos estudantes e pior, quanto maior o cargo como pesquisador menor é a representação feminina, chegando a 9% no cargo de Pesquisador A (mais alto nível). Discriminações parecidas são observadas nos Estados Unidos, cujo relatório do comitê organizado para analisar a situação das mulheres no Massachusetts Institute of Technology documentou que os laboratórios chefiados por mulheres eram menores do que os dos homens. As causas de tantas diferenças são multifatoriais, mas podemos atribuí-las em parte ao aspecto cultural que nutre o meio científico, sabendo que este é um ambiente altamente conservador e como tal preserva seus paradigmas e ideologias arcaicas, principalmente nos centros mais tradicionais, com longa história. Aparentemente, este problema não pode ser imputado somente à vontade dos homens que “fecham as portas”, mas também as próprias mulheres que impedem o crescimento de seus pares com comportamentos como a não aceitação de estudantes do sexo feminino para estudarem em seus laboratórios durante a pós-graduação ou a falta de apoio aos projetos de pesquisa de suas colegas, pois acreditam que elas não têm condições de concluí-los no tempo previsto por possuírem, ou por poderem possuir, outras atribuições como ser mãe e ter que se afastar das atividades laborais por um determinado período. A resolução dessas discrepâncias deve caminhar em um sentido pacífico, de respeito e ajuda mútua entre os sexos em prol do objetivo comum de ambos, o desenvolvimento da ciência. Não podemos alimentar uma guerra entre homens e mulheres por cargos e outros interesses, afinal de contas, como disse a física americana Mildred Dresselhaus em entrevista à revista Época: “Talento não se substitui. Ele nasce onde ele nasce. Não escolhe sexo”.